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Professor, não sei. Conhece o meu pai, o Professor Brand. Somos a NASA. A NASA? Exacto. A mesma NASA para quem pilotavas. Ouvi dizer que foram extintos por recusarem largar bombas da estratosfera sobre pessoas esfomeadas. Quando perceberam que matar pessoas não era uma solução de longo prazo, voltaram a precisar de nós. Em segredo. Porquê manter segredo? Porque a opinião pública não iria aprovar gastos em exploração espacial. Não quando lutamos para pôr comida na mesa. Pragas. Dizimaram o trigo, há sete anos atrás. O quiabo, este ano. Só restou o milho. Mas temos a produção mais elevada de sempre. Sim, mas à semelhança das batatas na Irlanda e do trigo durante a tempestade de poeira, o milho terá o seu fim. Em breve. Encontraremos uma maneira, Professor, sempre o fizemos. Guiados pela crença inabalável de que a Terra é nossa. Não, não é apenas nossa. Mas é a nossa casa. A atmosfera da Terra é composta por % de nitrogénio. Mas nós nem sequer o respiramos. As pragas sim, e à medida que proliferam, o nosso ar recebe cada vez menos oxigénio. Os últimos a passar fome serão os primeiros a sufocar. E a geração da tua filha será a última à face da Terra. A Murph está a ficar cansada. Posso deixá-la descansar um pouco no meu escritório? Claro, obrigado. Muito bem. Agora conte-me qual é o seu plano para salvar o mundo? A ideia não é salvar o mundo. É abandoná-lo. Rangers. Os últimos componentes da nossa nave versátil em órbita. A Endurance. A nossa expedição final. Enviou gente para o espaço à procura de um novo lar? As missões Lazarus. Parece animador. Lázaro regressou dos mortos. Claro, mas primeiro teve que morrer. Não existe nenhum planeta no nosso sistema solar que possa sustentar vida e a estrela mais próxima está a mil anos de distância. Não é nenhuma meta atingível. Para onde os enviou? Cooper, não te posso adiantar mais nada, a não ser que aceites pilotar esta nave. És o melhor piloto que já tivemos. Eu mal saí da estratosfera. Esta equipa nunca saiu do simulador. Precisamos de um piloto, e esta é a missão para a qual foste treinado. Mesmo sem ter conhecimento? Há uma hora, nem sabiam que eu estava vivo, mas iriam de qualquer maneira. Não tínhamos escolha. Mas algo te trouxe até aqui. Eles escolheram-te. Eles quem? Quanto tempo estarei fora? É difícil dizer. Anos? Tenho filhos, Professor. Vai até lá e salva-os. Quem são eles? Começámos a detectar anomalias gravitacionais, há quase anos atrás. Basicamente, pequenas distorções nos nossos equipamentos na atmosfera superior. Na verdade, acredito que também encontraste uma. Sim, no Estreito. Durante o despenhamento, algo desactivou os controlos electrónicos. Exacto. Mas de todas as anomalias, a mais significativa é esta. Perto de Saturno. Uma alteração do espaço-tempo. É um wormhole? Apareceu há anos. E vai ter onde? A outra galáxia. Um wormhole não é um fenómeno que acontece naturalmente. Alguém o colocou ali. Eles? E quem quer que sejam, parece que nos estão a ajudar. Aquele wormhole permite-nos viajar até outras estrelas. Apareceu exactamente quando precisávamos. Colocaram mundos potencialmente habitáveis ao nosso alcance. Doze, com base nas primeiras sondas. Enviaram sondas para lá? Enviámos pessoas para lá, há dez anos atrás. As missões Lazarus. Doze mundos possíveis, doze lançamentos de Rangers. Transportavam os humanos mais corajosos da história. Liderados pelo extraordinário Dr. Mann. Cada cápsula de aterragem pessoal assegurava dois anos de sobrevivência. Mas podiam recorrer à hibernação para prolongar esse tempo, estendendo a análise de ambientes orgânicos durante décadas. A missão consistia em avaliar esse novo mundo e, se mostrasse potencial, enviariam um sinal antes de entrarem num longo sono à espera de serem resgatados. E se o mundo não mostrasse potencial? Daí a bravura. Não têm recursos para visitar os doze. Pois não. A transmissão de dados através do wormhole é rudimentar. Simples pacotes binários recebidos anualmente dão-nos pistas acerca dos mundos com potencial. Um dos sistemas mostrou-se promissor. Apenas um. Mais parece um tiro no escuro, não acha? Um sistema com três potenciais planetas. Não tem nada de remoto. Espere lá. Então, se encontrarmos um bom lugar, o que é que acontece? Essa é a possibilidade remota. Há um plano A e um plano B. Notaste alguma coisa estranha na câmara de lançamento? Toda esta instalação é centrífuga. É alguma espécie de veículo? Uma estação espacial? Ambas. É esse o plano A. Como é que a levantariam do solo? As primeiras anomalias gravitacionais mudaram tudo. De repente, sabíamos que o aproveitamento da gravidade era real. Como tal, comecei a trabalhar numa teoria e iniciámos a construção desta estação. Mas ainda não a resolveu. Por isso é que existe o plano B. O problema é a gravidade. Como tirar uma quantidade viável de gente do planeta? Aqui está uma forma, o plano B. Uma bomba demográfica. Pegaremos em , óvulos fecundados com um peso inferior a Kg. Como é que se iriam desenvolver? Com o equipamento a bordo incubamos os primeiros dez. Depois disso, com mães hospedeiras o crescimento torna-se exponencial. Em trinta anos, podemos gerar uma colónia de centenas. A verdadeira dificuldade da colonização é a diversidade genética. Com isto, o assunto fica resolvido. Então e as pessoas da Terra? Desistem delas simplesmente? E os meus filhos? Por isso é que o plano A é muito mais atractivo. Quais são os progressos? Estou quase lá. Pede-me para largar tudo radio em nome de um “quase”. Estou a pedir-te que confies em mim. Encontra-nos um novo lar. E quando regressares, já terei resolvido o problema da gravidade. Dou-te a minha palavra. Vai-te embora! Murph. Vai. Se tens que ir, vai! Este mundo sempre foi pequeno para ti, não foi, Cooper? Porquê? Pelo facto de sentir que nasci para viajar pelo espaço? Porque me deixa entusiasmado? Não faz com que seja errado. Talvez faça. Não confies no correcto, quando o motivo é errado. O “porquê” é o grande alicerce. E o alicerce é sólido. Nós agricultores, sentávamo-nos aqui todos os anos quando vinham as chuvas e dizíamos: “para o ano que vem”. Bem, o ano que vem não nos irá salvar, nem os que virão. Este
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