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O concerto de Bob Marley ia ser no domingo, de dezembro. O anúncio foi feito numa conferência de imprensa dada por Marley, pelo seu agente Don Taylor e por Arnold Bertram. ANTIGO MINISTRO DA CULTURA Eu era Ministro de Estado, quando o Bob Marley veio falar sobre o concerto. Ele queria dar um concerto de beneficência para o povo da Jamaica, queria dar-lhes uma prenda de Natal antecipada. Nenhum de nós interpretou isso como um apoio político. As eleições ainda não tinham sido anunciadas. Não pretendiam apoiar Manley nem nenhum partido. O Bob Marley ia dar o concerto para tentar devolver um estado de paz e união. Duas semanas após o anúncio, o primeiro-ministro da Jamaica, Michael Manley convocou eleições legislativas para de dezembro. Quando o Bob aceitou dar o concerto não havia uma data para as eleições. Assim que o Bob aceitou, o PNP anunciou que as eleições seriam no dia seguinte ao do concerto. Portanto, associaram as eleições ao Bob para dar a entender que ele estava a atuar para eles. Isso fez com que o Smile Jamaica Concert parecesse estar a apoiar a campanha do Partido Nacional Popular. Michael Manley usou o concerto de Bob Marley como forma de ganhar votos que ele sabia que lhe faltavam na altura para ganhar as eleições. Nós não teríamos usado Bob Marley com esse fim, porque sabíamos que ele queria ser amigo de toda a gente. O Bob Marley foi muito pressionado para não dar o concerto. Disse que havia pessoas do Partido Trabalhista em cima dele diariamente. Assim que o Bob anunciou que ia dar o Smile Jamaica Concert, começou a receber ameaças de morte e passou a ser vigiado h por dia por forças do PNP. Começámos a receber mensagens da oposição. Não queriam que fosse na Jamaica House, não queriam que fosse lá e. Por fim, na sexta, de dezembro, recebi uma mensagem a dizer que não queriam concerto nenhum. MORTE AO PNP Uma manhã, acordei muito cedo e olhei para o lado de fora da janela. Vi o Bob e três homens à volta dele. Havia um certo tom ameaçador, e o Bob parecia estar a contestá-los e a impor-se, mas, ao mesmo tempo, a discutir com eles. Andam pessoas a rodear a casa que o ameaçavam e maltratavam. Lembro-lhe de lhe falar nisso. A Jamaica é um dos melhores sítios. Todos gostam uns dos outros. Mas eles matam-te. Gostam tanto de ti que te matam. Sim. Gostam tanto de ti que te matam. Explique melhor. Eles são. Gostam tanto de ti que te matam. Gostam imenso de ti e matam-te. Como a letra da sua música: “Magoas sempre quem amas, a pessoa que nunca querias magoar.” Eu era tão ingénua. Quando ouvi aquela gravação, senti um arrepio na espinha porque Bob está literalmente a dizer: “Estão prestes a tentar matar-me.” Uns dias antes, o Bob disse-nos que tinha tido uma visão. . onde estava na Hope Road, e havia uns soldados a disparar e armas, e ele sabia que o iam matar. Mas ele disse, de algum modo, que Jah o ia tirar dali misticamente. As palavras exatas foram que Jah o ia tirar dali misticamente. DE DEZEMBRO DE Havia algo naquela noite. Não me sentia muito bem. Havia alguma coisa no ar. Por volta das h, fui ao portão da frente e estava fechado. Não havia ninguém por ali. Estava muito escuro. Ao atravessar, senti um arrepio na espinha, um calafrio. Tive um momento de puro medo. Depois, pensei para mim: “Não, não é preciso ter medo. A casa está cheia de rastafaris e não é preciso ter medo.” O ensaio tinha parado e eu estava no quarto com o filho do Bob, o Robbie. Ele só tinha seis anos. O atirador parecia o Two-Gun Kid. Entraram pela porta e apontaram a arma para a sala de ensaios. Entraram quatro e. . dispararam. Achavas que os tiros iam acabar, mas continuavam. Estavam a disparar do exterior. Pelas janelas. Deitei-me no chão e eles fugiram. Algumas pessoas não conseguiram fugir, ficaram presas lá dentro. Ficámos encurralados numa divisão muito pequena e não podíamos sair porque estava tudo a passar-se ali ao lado. Pensava que iam entrar ali e disparar contra nós. Quando terminaram os disps, fez-se silêncio. Um silêncio total e assustador. Não tínhamos forma de saber se aquelas pessoas continuavam ali, se tinham ido todos. . embora. Não sabíamos. O primeiro som que ouvimos foi do Seeco, que chamou por toda a gente. Eu disse: “Vou sair, vou ver o que se passa.” Vi a mulher do Bob. Levámo-la depressa. Tinha sangue a escorrer-lhe pela cara. Mas perguntei: “O que aconteceu ao Bob?” Fui a correr até à cozinha e gritei: “Bob!” Havia sangue no chão. Virei e encontrei o Don Taylor deitado. . numa poça de sangue. E, depois, vi o Bob. Estava cheio de sangue. Eu perguntei: “Foste alvejado?” Ele respondeu: “É sangue do Don Taylor.” Vi o Bob a sair com a Polícia e a segurar no braço, estava danado. Depois, acompanharam-no até ao carro e levaram-no. O Don Taylor chegou minutos antes dos atiradores. Quando os atiradores subiram as escadas e se viraram para disparar, o Don estava entre eles e o Bob. Foi por isso que o Don levou os tiros todos nas costas. O Bob parece ter-se virado de lado e então não ficou totalmente exposto aos atiradores. Por isso é que a bala entrou por aqui raspou o peito e alojou-se no braço. Ele já estava avisado, por assim dizer.
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